Nota Meteorológica SDC/SC 28/03 – Previsão Climática para o trimestre Abril, Maio e Junho de 2025

Elaborado em: 28 de março de 2025
Meteorologista: Fernando Rafael
No próximo trimestre, a previsão indica tendência de neutralidade do fenômeno El Niño (Figura 1), ou seja, sem atuação da La Niña. Nas últimas semanas, a Temperatura Superficial do Mar (TSM) do Oceano Pacífico Equatorial apresentou significativo aquecimento, ficando dentro do limiar de neutralidade climática com anomalias próximas de zero (entre -0,5°C e +0,3°C).
Figura 1: Previsão probabilística do fenômeno El Niño – Oscilação Sul. Fonte: Climate Prediction Center (CPC).
Por outro lado, mesmo sem a atuação do fenômeno La Niña, algumas regiões do estado já tem sofrido com a irregularidade e falta de chuvas, especialmente o Grande Oeste catarinense, que vem apresentando um longo período com essa condição.
Com relação às chuvas, para os próximos meses, espera-se algumas mudanças. Em Abril, os modelos de previsão ainda indicam chuvas mais irregulares e abaixo da média no Oeste do estado, ao passo que as demais regiões tendem a registrar volumes entre próximo a acima da média. Nos meses de Maio e Junho, a tendência é que as precipitações fiquem com volumes próximos da média histórica em todas regiões. No entanto, em maio ainda podem haver períodos mais prolongados de tempo seco e de chuva mais irregular, especialmente nas áreas do Grande Oeste.
Em relação às temperaturas, no próximo trimestre, espera-se um comportamento acima do esperado. Essa condição deve refletir em um Outono com temperaturas mais altas que a média. Isso não exclui a ocorrência de episódios de frio intenso, mas que tendem a apresentar curta duração. O período que é marcado pela redução gradual das temperaturas deve registrar a entrada das primeiras massas de ar frio a partir de Abril, com as mais intensas tendendo a ocorrer entre Maio e Junho, quando a condição para geadas mais intensas pelo estado também aumenta.
CLIMATOLOGIA
Os próximos meses (abril, maio e junho) compreendem a maior parte do outono e o início do inverno no Hemisfério Sul. No mês de abril, as chuvas são caracterizadas por se concentrar nas áreas mais a oeste do estado, em função da atuação de sistemas convectivos de mesoescala (aglomerado de tempestades) que se formam associados à passagem de frentes frias.
Esses temporais favorecem a ocorrência de chuva intensa acompanhada de raios, fortes rajadas de vento e eventual precipitação de granizo. Na maior parte do litoral, a circulação marítima é menos presente, o que reflete na diminuição dos volumes de chuva em relação aos meses anteriores. Além disso, neste período, a formação mais recorrente de ciclones extratropicais sobre o oceano passam a contribuir para períodos com maior agitação marítima e ressaca nas regiões litorâneas.
Em abril, a tendência segue de diminuição das precipitações em relação aos meses anteriores no Litoral, onde passam a variar de 90 a 130 mm em média. No Extremo Oeste e em parte do Oeste, por outro lado, a tendência segue de aumento: variam de 130 a 170 mm.
Em maio, a precipitação volta a subir no centro-leste do estado, com valores médios entre 120 e 150 mm. Do Oeste ao Litoral Sul os valores médios também sobem em relação ao mês anterior, marcando entre 150 e 200 mm nestas áreas.
No mês de junho, o regime de chuvas é semelhante ao mês anterior em áreas do Extremo Oeste e Oeste com acumulados médios entre 150 e 200 mm. No Litoral, os volumes apresentam diminuição, oscilando entre 75 e 125 mm e no Vale do Itajaí, os acumulados oscilam entre 100 e 150 mm.
Em abril, com o início efetivo do outono, os dias passam a apresentar grande amplitude térmica, com noites mais frias e tardes mais quentes. Essa condição é proporcionada pela chegada das primeiras massas de ar seco e frio da estação. Ao longo do mês de maio e principalmente de junho, conforme se aproxima o inverno, as tardes também passam a ser mais frias, o que diminui a frequência desses dias, especialmente nas áreas mais altas do estado.
HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS
De acordo com o Perfil Histórico de Desastres do Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina (PPDC-SC), que abrange 29 anos de dados (1995-2019), foram registradas 5540 ocorrências de desastres.
A maior parte das ocorrências ficam concentradas nos meses mais quentes do ano, entre setembro e março (Figura 2). Entre abril e junho, período caracterizado pelo outono e início do inverno climático, o comportamento das chuvas apresenta mudanças. Estes meses são marcados por apresentar uma diminuição geral no regime de chuvas do estado, o que reflete na diminuição no registro total de ocorrências.
Figura 2. Distribuição mensal do total de ocorrências (1995-2019). Fonte: UFSC, 2020.
O outono é marcado pela redução do número de ocorrências relacionadas a enxurradas, se aproximando de 135 em abril e menos de 100 em maio e junho (Figura 3). Um comportamento distinto é observado para os casos relacionados a alagamentos (Figura 4), sendo os meses de Maio e Junho o terceiro e quarto meses, respectivamente, com mais registros do ano com uma diminuição considerável em Abril (5).
Figura 3. Distribuição mensal das ocorrências por Enxurradas. Fonte: UFSC, 2020.
Figura 4. Distribuição mensal das ocorrências por Alagamentos. Fonte: UFSC, 2020.
RECOMENDAÇÕES
No caso de alagamentos e enxurradas, evite o contato com as águas e não dirija em locais alagados. Não transite sobre pontilhões e pontes submersas. Cuidado com crianças próximas a rios e ribeirões.
Durante temporais com raios, rajadas de vento e granizo, busque local abrigado, longe de árvores, placas e de outros objetos que possam ser arremessados. Na praia, não fique na água.
A Secretaria da Proteção e Defesa Civil reitera a necessidade de acompanhar diariamente os Avisos e boletins de previsão do tempo devido às constantes atualizações nos modelos meteorológicos.
#DEFESACIVIL, SOMOS TODOS NÓS.